28/11/2019

[Resenha] À Sombra do Jatobá - R. C. Maschio

Olá leitores, tudo bem?

Mais uma vez venho escrever a resenha de um livro com temas importantes e que em certo momento me deixou paralisada. Espero que gostem de conhecer!

À Sombra do Jatobá
Autora: R. C. Maschio
Páginas: 168
Editora: Expressão e Arte Editora
Onde comprar: Amazon / Com a autora
Nota: 
*Livro cedido em parceria pela autora
SINOPSE: O cenário é uma fazenda de cana-de-açúcar na Bahia, em tempos conturbados de Brasil escravocrata com lampejos de luz libertadora do final do século XIX. Nele desponta Ercília – mulher nascida brasileira, negra e cativa - a ama de leite Nanã - que se revela aos poucos e se completa, chegando a assumir o protagonismo ao lado de Teodora - menina e moça – cujos anseios, coragem e ações tornam-na uma mulher ímpar para a época.
Os embates contra o domínio patriarcal, a luta por melhores condições de vida para os escravos, o cotidiano da fazenda com seus segredos por vezes mal contidos, o sofrimento e o desejo de liberdade para amar e viver constituem a tônica dessa obra lindamente narrada com as cores da sensibilidade e da razão.
Ercília ou Nanã, como era apelidada, chegou à fazenda de cana-de-açúcar depois de perder seu filho recém-nascido. Veio com o propósito de alimentar a filha do dono, Teodora. Nanã foi ama de leite de Teodora por dois anos, até que a outra filha do casal nasceu, Cândida.

Teodora e Cândida sempre viveram na barra da saia de Nanã, as meninas adoravam a escrava. Enquanto Teodora sempre teve um gênio mais forte, com respostas e malcriações na ponta da língua, Cândida era doce, apesar de gostar de seguir os passos da irmã.
"Olhava os três com ternura, havia amamentado a todos, no entanto, nenhum deles era o seu menino. Afastou o pensamento, da mesma maneira que afastou as lágrimas da face."
É nesse cenário de um Brasil escravocrata, que vamos conhecer o dia a dia da fazenda de cana-de-açúcar, passando pela vida na casa principal e pelo tratamento dado aos escravos.
Vamos acompanhar a luta de um povo que busca sua liberdade, mas que são tratados como animais.

Nanã é uma peça importante para os escravos, já que entende das ervas, além de ajudá-los de outras formas. Observando da infância até a vida adulta das meninas, é possível identificar um crescimento na Teodora, que vai se tornar uma mulher decidida e disposta a lutar pela causa do abolicionismo.

O que essa jornada trará para Nanã, Teodora e Cândida?


Este livro é sensível, ao mesmo tempo em que é potente. Com uma escrita poética, a autora nos mostrou claramente o dia a dia durante um período conturbado.
Vamos acompanhar o dono da fazenda preocupado com o fato dos escravos não estarem mais sendo vendidos e do outro lado o anseio desses escravos para serem finalmente livres.

Algumas cenas foram bem difíceis de digerir e uma em particular me marcou. Logo no início do livro temos um estupro infantil e é impossível não sentir a bile subindo e consequentemente derramar algumas lágrimas.
A autora também trouxe uma alusão a depressão, que foi citada como uma doença que rouba a alma, e isto é importante, pois reforça que é uma doença que sempre esteve entre nós, e apenas não era tratada como se deve.
"Não pudera ser menina, nem mulher, pois era apenas serva, escrava. Não pudera ser mãe. E isso é o que mais havia doído. não pode viver o amor em seu estado mais absoluto."
Na verdade, observar de maneira clara como os escravos eram tratados dói na alma. Seres humanos que eram vistos como uma simples mercadoria e usados a bel prazer dos seus senhores. As mulheres, principalmente, passavam por coisas inumanas, como ser afastadas de seus filhos ou serem estupradas com frequência.

A força das mulheres desse livro é algo que impacta. A autora trouxe três personagens femininas que passam por situações de humilhação, perdas, dores e que precisam recomeçar. A evolução da Teodora foi uma das que mais me encheu de orgulho, pois ela vai se permitir abrir seus olhos de "senhorinha" e lutar uma luta que inicialmente não era sua, mas que se trata de uma questão de humanidade.

As ações e falas dos personagens muitas vezes são duras, por trazer tanto preconceito incutidas nela. Porém, também temos um fio de esperança, trazido por um professor que acredita no potencial de um negro e investe nele.
"Um pássaro que se criou dentro de uma gaiola vai ter medo de voar quando ganhar o mundo, mesmo que tenha sido criado com asas."
Narrado em terceira pessoa, À Sombra do Jatobá nos apresenta uma realidade dura de um Brasil escravocrata. Teremos a luta de mulheres fortes, que não se deixaram calar e que vão fazer de suas perdas, suas próprias lutas. As ilustrações apenas corroboram para uma visualização das cenas e deixam a obra mais incrível. Um livro que deveria ser lido por todos!

Beijos da Lice

5 comentários:

  1. Oi
    Eu adorei a dica 😊 gostei da capa, a história é bem interessante

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  2. Olá , a história parece ser bem marcantes como a capa do livro que fala por só. Ótima dica.

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  3. É um ótimo tema!, acho que vou comprar ele pra ler tbm ♥

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  4. Oi,tudo bem ?

    Nossa, não conhecia a obra, mas pelo seu ponto de vista é uma obra incrível e super válida, até porque ainda existe tanto preconceito hoje em dia que as falas duras da leitura nos remete a realidade. Gostei do livro ter mulheres fortes e abordar a escravidão , com toda certeza é uma ótima indicação de leitura.

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  5. Já me conquistou pela escrita poética. A capa também me conquistou!

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Alice Martins

Oie! Sou a Alice, tenho 27 anos, sou Mestra em Engenharia de Produção, Pós-graduada em Revisão de Texto e Graduanda em Letras. Leio todos os gêneros literários, mas tenho um apego pelo romance (dramático, dark e hot) e pelo suspense. Sou viciada em música, série e açaí. Atualmente, trabalho com revisão literária e tenho um podcast de true crime/suspense com uma amiga. Me acompanhe nas redes e venha compartilhar amor comigo!




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