01/05/2019

[Resenha] Graça & Fúria - Tracy Banghart

Olá leitores, tudo bem?

Hoje é um daqueles dias que venho trazer a resenha de um livro que amei e que conquistou meu coração. Me arrependo de não ter lido Graça & Fúria antes, pois é SENSACIONAL!

Graça & Fúria
Duologia Graça & Fúria, Livro I
Autora: Tracy Banghart
Páginas: 304
Editora: Seguinte
Onde comprar: Amazon
Nota: 
*Livro cedido pela Editora
SINOPSE: Duas irmãs lutam para mudar o próprio destino no primeiro volume de uma série de fantasia repleta de romance, ação e intrigas políticas.
Em Viridia, as mulheres não têm direitos. Em vez de rainhas, os governantes escolhem periodicamente três graças ― jovens que viveriam ao seu dispor. Serina Tessaro treinou a vida inteira para se tornar uma graça, mas é Nomi, sua irmã mais nova, quem acaba sendo escolhida pelo herdeiro.
Nomi nunca aceitou as regras que lhe eram impostas e aprendeu a ler, apesar de a leitura ser proibida para as mulheres. Seu fascínio por livros a levou a roubar um exemplar da biblioteca real ― mas é Serina quem acaba sendo pega com ele nas mãos. Como punição, a garota é enviada a uma ilha que serve de prisão para mulheres rebeldes.
Agora, Serina e Nomi estão presas a destinos que nunca desejaram ― e farão de tudo para se reencontrar.
Em Veridia, nenhuma mulher têm direitos, todas são criadas para serem submissas aos homens. O Superior escolhe periodicamente três graças para lhe servirem, que são sinônimos de beleza e obediência.
Cada vilarejo pode enviar uma graça para lhe representar e chegou a vez de Serina Tessaro ter essa grande honra, podendo ser uma das três primeiras graças do herdeiro, Malachi.

Serina foi criada desde pequena para ser uma graça. Ela carrega consigo essa grande responsabilidade, pois é uma forma de melhorar a vida de sua família. A jovem é recatada, linda, tem bons modos e nunca transgrediu as regras impostas em sua sociedade.
Em contrapartida, a irmã mais nova de Serina, Nomi, é a rebeldia em pessoa. Nomi não aceita as regras impostas pelo governo de Veridia. Uma das regras que ela infrigiu foi a de que uma mulher não pode ler. Ela aprendeu a ler com seu irmão gêmeo, Renzo.
"A lei proibia que as mulheres lessem. Na verdade, proibia que fizessem praticamente qualquer coisa além de parir, trabalhar em fábricas e limpar a casa de homens ricos."
Enquanto Serina vai para o castelo tentar atrair o olhar do herdeiro, Nomi vai apenas como sua aia, uma dama de companhia.
Serina e Nomi precisam se afastar logo que chegam a Bellaqua e mesmo Serina alertando-a para ficar longe de confusão, Nomi consegue se meter em uma.

Nomi encontra uma vasta biblioteca ao procurar um lavabo, mas é surpreendida pelo herdeiro e seu irmão, Asa. A jovem acaba batendo de frente com Malachi e roubando um volume de um livro que leu muitas vezes durante a sua vida.
Qual não é a supresa de Nomi, ao saber que foi escolhida pelo herdeiro como uma de suas graças. Agora os papéis foram invertidos e Nomi vai ter que viver sendo algo que nunca desejou. Já Serina encontra-se com raiva pela irmã ser tão impulsiva e será sua aia.
"Não é uma escolha quando você não tem a liberdade de dizer não. Um 'sim' não tem nenhum valor quando é a única resposta que se pode dar."
Tudo desanda de vez quando no outro dia, Serina descobre o livro roubado de Nomi. Ao recitar a história que já tinha ouvido tantas vezes, ela é pega no flagra pela graça-maior, Ines, e acusada de saber ler. 
Serina é condenada pelo Superior a ir para a cadeia na ilha de Monte Ruína, conhecida como a pior cadeia de Viridia.

Ao passo que Serina tem que lidar com os horrores impostos em Monte Ruína, onde as mulheres são divididas em grupos e colocadas para lutar com o próposito de se alimentarem e entreterem os guardas; Nomi tem que lidar com a sua vida de Graça e tentar descobrir onde sua irmã está. 

O que acontecerá com essas duas irmãs?


QUE HISTÓRIA INCRÍVEL! Comecei a leitura sem saber o que poderia esperar e fui gratamente surpreendida. O que temos nesse livro é uma mensagem de empoderamento feminino fortíssimo e de personagens sendo moldadas.

No início do livro eu me encantei com Nomi por toda a rebeldia da jovem e o fato dela questionar muitas situações impostas pelo governo de Viridia. Só que Nomi ainda é imatura e ao longo do livro não consegue discernir seus atos com clareza. 

Serina, por sua vez, consegue ter uma das crescentes mais impressionantes na literatura. A jovem que foi criada para ser uma graça, vai ter que despertar a fúria que existe em si para lidar com Monte Ruína. Serina foi meu orgulho, pois ela vai começar a perceber o quanto Veridia cultua pensamentos errôneos e o quanto as mulheres são silenciadas por causa do medo que os homens possuem delas.
"Somos inteligentes e perigosas. Os guardas sabem disso. Sabem que temos o poder de derrubá-los se trabalharmos juntas. Precisamos parar de nos matar e lutar contra eles."
Todos os outros personagens são bem construídos e possuem sua importância para a sequência dos acontecimentos. O núcleo das mulheres de Monte Ruína consegue roubar o espaço, mas um personagem do castelo me encheu de orgulho. Infelizmente não posso falar muito dele ou acabaria soltando um belo de um spoiler.

A autora usou elementos já conhecidos em outras histórias para tecer o seu enredo, mas soube colocar seu próprio toque, fazendo com que a narrativa se torna-se tão incrível e representativa.
O que brilha neste livro é o Girl Power e fiquei muito feliz em ver todo o aprendizado e conquistas dessas irmãs. Com os erros também aprendemos, e muito!

Com a narrativa dividida entre a Serina e a Nomi, vamos acompanhando em cada capítulo o que se passa com elas.
Durante o enredo elas precisarão fazer escolhas que lhes colocarão na corda bamba, mas elas estão dispostas a se colocar em perigo por uma causa maior.
"Acho que as mulheres nesta prisão, neste país, vão se rebelar um dia. Meu pai costumava dizer que a opressão não é um estado final. É um peso que se carrega até que não se possa mais. E ele então é removido. Não sem esforço, não sem dor. Mas meu pai acreditava que toda opressão sempre, sempre seria combatida e superada."
Trazendo questões políticas importantes, Graça & Fúria nos mostra como a mulher pode ser silenciada quando uma sociedade opressora está ao redor dela. Uma das mensagens mais importantes que fica é a sororidade. Juntas somos mais fortes, então não deveríamos atacar umas as outras, mas nos defendermos e lutarmos contra o verdadeiro inimigo.

O desfecho não poderia ser mais tenso e carregado de cenas de tirar o fôlego. Matei uma das charadas logo no início do livro, mas isso não tirou o brilho da história, o que mostra o quanto a escrita e o enredo são bons.
Foi impossível não finalizar essa história querendo o próximo volume, pois preciso de explicações e principalmente que meus personagens preferidos continuem intactos.
Na gringa o segundo volume ainda não foi lançado, então acho que vamos demorar a tê-lo por aqui.

A edição da Seguinte traz essa capa maravilhosa, onde de um lado temos a representação da Serina e do outro a Nomi. A diagramação é simples, mas confortável. Quanto a revisão, não achei erros graves.
"Mas sua irmã sempre estava certa. Valia a pena se rebelar. Só o ato de resistir podia mudar o mundo."
Graça & Fúria conquista por toda a sua representatividade. Com personagens femininas marcantes, embarcamos em um enredo composto por reviravoltas, adrenalina e aprendizado. Serina e Nomi vão se desconstruir e se reconstruir durante essas páginas. Você vai torcer, vibrar e ficar com o coração apertadinho por elas. Porém, mais do que isso, você vai aprender que a mulher só é silenciada quando é temida pelos homens. Toda graça carrega consigo muita fúria, desperte-a!

Beijos da Lice

6 comentários:

  1. A opressão está presente em todos os ângulos sociais do momento. Infelizmente a realidade é constatemente delineada mais fortemente sobre gaus, negros, mulheres e afins.

    Acho que um livro que aborda o universo pelo viés feminino já pode ser considerado de utilidade pública.

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  2. Oi, tudo bem? Que indicação mais interessante. Imagina não poder ler, não poder fazer nada apenas se preocupar em ter filhos? É quase como voltar no tempo das nossas avós onde as mulheres só pensavam em casar, ter filhos e cuidar da casa. É preciso ser "rebelde" e lutar por mudanças e por um futuro diferente daquele que estamos vivendo. Gostei da sua resenha e fiquei curiosa para saber mais sobre os personagens. Beijos, Érika =^.^=

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  3. Tenho que ler esse livro, que já está na minha estante. Amo histórias assim, que nos fazem pensar sobre a situação atual e questionar muitas coisas.
    Beijos
    Mari
    Pequenos Retalhos

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  4. É tão importante temos esse tipo de narrativa que mostre o empoderamento e a sonoridade, ainda mais quando o feminismo é tão mau interpretado e o machismo continua em alta, já gostei da Serina e quero muito ver o desenvolvimento dela na narrativa, o único porém é esperar continuação, sempre fico ansiosa.

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  5. Que história incrível. Livros que falam do empoderamento feminino são sempre bem vindos, e tão legal ver que ainda tem autor que tentar fugi do clichê de mulher frágil que um homem vai salva-la.

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  6. Uma boa leitura para o momento atual... Estou um pouco devagar nas leituras esse ano porém empoderamento feminino é um assunto que me enteresso bastante.

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Alice Martins

Oie! Sou a Alice, tenho 27 anos, sou Mestra em Engenharia de Produção, Pós-graduada em Revisão de Texto e Graduanda em Letras. Leio todos os gêneros literários, mas tenho um apego pelo romance (dramático, dark e hot) e pelo suspense. Sou viciada em música, série e açaí. Atualmente, trabalho com revisão literária e tenho um podcast de true crime/suspense com uma amiga. Me acompanhe nas redes e venha compartilhar amor comigo!




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