Olá viciados em filmes, tudo bem?
Alguns meses atrás, li e resenhei aqui O ódio que você semeia da Angie Thomas, e desde então estava ansiosa para a adaptação. O trailer já tinha me deixado com altas expectativas e o filme conseguiu suprir todas elas. É uma daquelas adaptações que queremos guardar no coração, apenas!
Esta obra conta a história de Starr (Amandla Stenberg) uma jovem moradora do pobre bairro negro de Garden Heigths. A garota, no entanto, estuda junto com seus irmãos, Seven (Lamar Johnson) e Sekani (TJ Wright) em uma escola particular de "brancos".
Quando resolve sair para uma festa no fim de semana com a irmã do seu irmão, Quênia (Dominique Fishback), tudo muda na vida de Starr. Na festa ela encontra seu amigo de infância e sua primeira paixão, Khalil (Algee Smith). E quando um tiroteiro se inicia no local, ambos saem juntos.
No meio do caminho, um policial para o carro de Khalil. Desde pequena Starr tinha aprendido com seu pai, Maverick (Russell Hornsby) como tinha de lidar com policiais, mas Khalil, por ter a certeza que não estava fazendo nada de errado, não segue tudo que é mandado.
O desfecho disso? O policial atira a queima roupa e o mata na frente de Starr, pois achava que a escova de cabelo que ele segurava era uma arma. Starr é a única testemunha. E ela vai começar a se questionar de tudo. Existirá justiça para Khalil?
Khalil e Starr |
Quando li o livro já tinha sentido na pele toda a representatividade do mesmo e com o filme não foi diferente. Consegui sentir novamente toda a dor que a leitura me proporcionou e fazer várias reflexões a cerca de tudo que assisti.
Starr leva duas vidas distintas, sendo a Starr do bairro negro e a Starr da escola branca. Ela sempre manteve esses dois mundos separados, pois sabia que suas ações definiriam como seria enxergada no colégio.
Com a morte de Khalil ela verá esses dois mundos se colidindo e terá que decidir quem realmente ela é.
O núcleo familiar da personagem é fantástico. Percebemos quanto amor e proteção existe entre eles. Mas, senti falta da mãe, Lisa (Regina Hall) ser um pouco mais "leoa". No livro ela me lembrava bastante a Rochelle de Todo mundo odeio o Chris, já no filme ela tem uma preocupação muito grande, sem esse lado mais "cômico", eu diria.
Também senti falta de abordar mais o tio Carlos (Comum), pois no livro ele é um personagem que ganha muito destaque e tem uma relação forte com a Starr. Assim como o Chris (KJ Apa), o namorado branco da Starr. No livro você consegue se encantar por ele, e no filme tivemos poucas cenas com ele.
Família da Starr: Sekani, Maverick, Lisa, Starr e Seven |
Como uma adaptação, temos que ter consciência que é impossível ser 100% fiel ao livro, então compreendo as mudanças necessárias e não foram algo que me incomodaram grandemente. Adorei completamente o enredo do filme e ele consegue passar sua mensagem, assim como o livro.
O ódio que você semeia tem um discurso racial forte, que mostra uma realidade dolorosa e que abre a visão de quem ainda pensa que "não existe racismo". Me surpreende muito que ainda existam pessoas que achem que os negros e brancos são tratados igualmente, porque definitivamente não são.
Uma cena em particular do filme mostra esta discrepância. O tio da Starr, que é policial, deixa claro que atiraria em um negro caso se sentisse ameaçado, mas que apenas daria um aviso se fosse um branco. Essa foi apenas uma das cenas que me fizeram chorar.
A Amandla arrasou no papel de Starr, ela consegue colocar toda a emoção que a personagem precisa, assim como a confusão de "quem ela realmente é" e "pelo o quê ela deve lutar". A Starr vai assumindo seu papel aos poucos e percebendo que não pode deixar a morte de Khalil ser em vão, como a de muitos negros são deixadas.
As cenas da Starr no colégio são fundamentais para o enredo, pois mostram bem a diferença das "duas Starr's" e como ela tem que lidar com elas.
Suas amigas da colégio, Hailey (Sabrina Carpenter) e Maya (Megan Lawless) vão começar a mostrar uma face que não agrada a Starr.
Hailey vai se mostrar aos poucos extremamente racista e que não dar valor a vida de Khalil, que o policial é muito mais importante e é o "coitado" da história. A Hailey do filme causa nojo, assim como a do livro. Só que deixaram de abordar a Maya. A Maya não compactua com a Hailey no livro, e faltou mostrar isso na adaptação.
O relacionamento de Starr e Chris me enche de amor. O Chris vai se mostrar muito mais maduro do que Starr poderia imaginar. Uma cena dele em particular me fez derramar lágrimas. Ele é o tipo de cara que todas as pessoas mereciam ter ao lado.
Hailey, Starr e Maya |
Chris e Starr |
Esta é uma adaptação mais do que necessária. O ódio que você semeia levanta bandeiras importantes e que nos faz refletir sobre muitas coisas. O enredo é sensível, envolvente e um grito por igualdade.
Uma das últimas cenas mostram exatamente como o ódio interfe na vida das crianças e como isso as fazem agir. É o ódio que ensinamos as crianças e colocamos no mundo que fez tudo chegar onde está e precisamos acabar com isso.
Essa cena não existe no livro, mas colocá-la no filme fez todo sentido para o enredo e deixou muito clara a mensagem de: "O ódio que você ensina para uma criança, fode com todo mundo".
Essa cena não existe no livro, mas colocá-la no filme fez todo sentido para o enredo e deixou muito clara a mensagem de: "O ódio que você ensina para uma criança, fode com todo mundo".
Precisamos lutar pela igualdade, lutar contra o racismo. Os negros não possuem os mesmos benefícios que nós, brancos. E vocês, brancos, é que precisam começar a mudar isso, a fazer a diferença. Não é uma luta apenas dos negros. É uma luta de pobres, favelados, homossexuais. É uma luta pela humanidade, acima de tudo.
A SUA VOZ É SEU PODER! A SUA VOZ FAZ A DIFERENÇA! A SUA VOZ É A DIFERENÇA! GRITE! LUTE!
"É impossível deixar de estar armado, quando é a nossa cor que eles temem"
Trailer Legendado
Beijos da Lice
Uma coisa que você comentou despertou minha atenção.
ResponderExcluirO papel da mãe; esse lado mais cômico suprimido.
Incrível como um filme/livro com essa carga dramática não tenha um alívio cômico para o leitor ,mesmo porque é sabido o papel de catarse do humor.
Enfim...
Gostei muito da resenha e vou conferir sua dica !😀
Já fiquei curiosa pra conferir.
ResponderExcluireu também já li o livro e achei ele simplesmente fantástico! Ainda não vi o filme, mas tô bem curiosa, amigas minhas que já viram dizem que ficou muito bom. Tua critica me deixou animada pra ver também. Espero conseguir ver! <3
ResponderExcluirFico feliz em saber que a adaptação cinematográfica foi bem sucedida e fez juz a esse livro que trata de um tema tão importante. Infelizmente o racismo e uma realidade, por isso é essencial que mais produções sigam essa linha de denúncia/alerta aos abusos cometidos pelas autoridades.
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirParece ser um livro/filme bem emocionante e com temas bem fortes, uma pena que o alívio cômico tenha sido suprimido do filme, isso acaba deixando as coisas um pouco pesadas.
Eu quero muito ler esse livro, vejo muitos comentários positivos. Espero ler em breve.
ResponderExcluirAssim que ler o livro quero ler o filme, espero que eu goste de ambos.
Acho muito importante livros assim, precisamos cada vez mais falar sobre racismo, que infelizmente sempre machuca alguém.
Adorei seu post, beijos!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu vi o trailer no IG da Amandla Stenberg quando estava para ser lançado, e achei uma proposta além de linda, necessária. O que me deixou surpresa é o fato de ser baseado em m livro <3 Quero muito ler, antes de assistir ao filme! Notar essas diferenças que você citou são cruciais para assimilar ao que é dado enfoque na adaptação cinematográfica. :)
ResponderExcluirOlá, tudo bem Lice?
ResponderExcluirEu acho super importante as bandeiras levantadas no filme e livro como por exemplo o racismo, a homossexualidade ou mesmo a pobreza. Eu recebi o livro na semana passada e ainda não tive tempo de ler, mas pretendo ler e assistir ao filme também. Gostei da sua crítica, ficou massa!
Abraço!
Estou com o filme para assistir, e realmente me chamou muito a atenção, depois do seu texto então, aumentou! Não vou deixar de assistir!
ResponderExcluirOiê! Já li muitas críticas positivas sobre o livro, mas ainda não havia lido nenhuma crítica do filme. Mas, depois de ler a sua resenha já quero assiti-lo. Adoro quando a adaptação é fiel ao livro apesar de ser impossível que ela siga 100%, como você mesma comentou. Acho que o mais importante é que as mudanças contribuam para o enredo e não quebrem as expectativas daqueles que leram o livro. Além disso, esse é um tema muito necessário em nossos dias e imagino que irá emocionar muitos expectadores.
ResponderExcluirBeijos
Oi Lice!!
ResponderExcluirTá aí um livro/ filme super necessário. Eu ainda não li, mas está na lista por vários fatores. Essa a primeira crítica que leio sobre o filme e muito bom saber que ele não decepcionou. Anotada a dica, pois só concretiza a minha vontade de conhecer essa história.
Bjs
https://almde50tons.wordpress.com/
Confesso que não conhecia mas a temática é aquela coisa necessária pra vida. Eu gostei muito de como explanou os pontos altos e fiquei realmente impelida a ler/assistir o filme.
ResponderExcluirObrigada por compartilhar conosco.
Minha Vida Por Acaso
Esse é um dos meus livros favoritos e mal posso esperar para assistir a adaptação, realmente não tem como ser 100% fiel, mas espero não me decepcionar já que estou com muitas expectativas.
ResponderExcluirGostei muito da resenha.
Oi, oi! Eu não sabia que tinha o livro, acredita? Já tinha ficado emocionada com o trailer, e sabendo, agora, que tem o livro, vou amar mais ainda! Adorei a tua resenha, e ela me passou tanta força como a que tem no filme em si. Adorei, de verdade.
ResponderExcluirAnsiosa para assistir e ler. Beijos <3
www.utopiavk.blogspot.com