12/10/2018

[Debatendo o Livro] Over You #NãoQueroSerMãe

Olá leitores,

Hoje inicia aqui no blog um novo quadro denominado de Debatendo o Livro. Neste quadro irei trazer alguns temas polêmicos que são debatidos em livros. Além de narrar a situação ocorrida no livro, irei apresentar outros embasamentos, como índices estatísticos, depoimento de quem já passou pela situação, e em alguns casos, depoimento dos autores sobre o surgimento da obra.

Espero que vocês gostem deste tipo de conteúdo e que possam acrescer algo em suas vidas. E para começar, vamos debater o livro Over You, que aborda o fato de uma mulher não querer ter filhos.
A Andreia Nascimento, autora da obra, deu um depoimento sobre o surgimento da ideia e o motivo de ter abordado tal assunto.


Malu Braga é a irmã da protagonista de Over You, Paloma Braga. A jovem estuda artes cênicas e possui o sonho de se tornar uma grande atriz. Ela é espevitada, de bem com a vida e bem determinada quando o assunto é seu futuro e o que deseja.

Desde muito nova, Malu tem a certeza que jamais será mãe, é algo que ela não deseja e que ninguém vai mudar.
No livro, temos outra personagem que também não queria ser mãe, Emma. Só que diferente de Malu, Emma engravidou de Scott, o protagonista do livro. Mas, como não queria erguer esse papel, pois não lhe cabia, Emma deixou a filha para Scott criar.

Como surgiu a primeira ideia de abordar o tema em um livro?
Quando eu tinha uns 20 anos, estava almoçando com minhas amigas e a gente estava falando sobre filhos, minha amiga dizendo que queria ser mãe, eu disse que não sabia, mas talvez quisesse sim, daí minha terceira amiga virou e disse: "Eu não quero filhos". Ficamos um momento em silêncio e acho que a primeira reação de todo mundo é perguntar: "Nunca?". Então pagamos de idiotas e perguntamos, mas o mundo não era o mesmo sete anos atrás. Então, ela disse: "Nunca, podendo ou não. Eu posso ser tia dos filhos de vocês, mas mãe eu não quero. Não adianta." Então ela só reafirmou durante anos, e explicou que não tinha a ver com crianças e sim com ela. Até porque quando minha filha nasceu, e eu estive gravida ela estava em todos os momentos. E é sim, uma das melhores tias, ela só não quer ser mãe.

Para a sociedade, não ser mãe, chega a ser uma ofensa. As pessoas ainda possuem a ideia enraizada de que o papel de uma mulher é apenas procriar. No interior do Nordeste, esta forma de pensar é ainda mais comum.
Sempre tive a certeza de que não seria mãe e repetia isso até 2 anos atrás. E para todas as pessoas que falava com convicção, recebia de volta a seguinte frase: "Isso é poque tu não achou um homem que queira". Hoje, sinceramente, não sei se um dia serei, mas um desejo passou a existir com o nascimento da minha sobrinha.

Este foi o primeiro livro que li onde uma personagem impõe claramente que não quer ser mãe. O fato da Malu não querer ser mãe não tem nada haver com suas condições físicas ou sociais. É uma certeza, apenas.
John Scott não entendeu o motivo de Emma ter deixado ele com a filha, para ele era incompreensível que uma mãe não queira ter convívio com a filha. E através da amizade de Scott e Malu, ele vai compreender isto.

Em que momento decidiu criar as personagens?
Empreguei essa vontade a Emma inicialmente, mas não conseguia explicar. O livro foi refeito quatro vezes, até que eu estava terminando Eu Prometo Te Amar, férias escolar, estava deitada no sofá, minha mãe do meu lado, a gente estava assistindo Casos de Família do SBT. Eu só quero uma oportunidade de entrar em um debate e o assunto era esse: As mulheres queriam poder NÃO ter filhos, porém seus parceiros queriam forçá-las (O que para mim é algo que deve ser debatido. Não se pode casar e do nada jogar no colo do marido que não quer ter filhos. Não pode impor sua vontade, nem ele a dele sobre você). Então minha mãe sempre fica do outro lado, além do mais por motivos religiosos, então eu tive a epifania mais louca da minha vida. A história se juntou em minha mente, consegui entender que a música era sobre John e não sobre Paloma, que Maria Luísa iria explicar isso para John, não Paloma. Porque Paloma jamais iria conseguir explicar para John qual era o sentimento de não querer ser mãe. Algo que nem mesmo ela entende.

O assunto maternidade sempre vai dividir opiniões, principalmente se colocarmos em pauta as questões religiosas.
O que me assusta é saber que muitas mulheres ainda aceitam serem mães por causa da imposição dos maridos ou família. O corpo é da mulher, é ela que vai passar por todos os processos e mudanças, então não existe ninguém com mais respaldo para decidir o que deseja do que ela. Ser mãe não é como decidir o que comer amanhã, então a Malu como personagem me orgulha. 
Precisamos de mais Malu's na literatura, que levantem essa bandeira de que uma mulher pode sim não querer ser mãe.

Como foi a construção da Malu?
Na construção do livro, teve umas amigas próximas que já havia mencionado, então fui escrevendo e mandando para elas, então foi fácil. Acho que não somos obrigados a nada, é uma coisa que sempre digo, maternidade não é fácil, não é para qualquer ser humano. Há pais de merda, da mesma forma que existem mães, talvez se eles não vissem isso como uma obrigação, poderiam ser melhores em suas funções. Então foi sobre isso. Primeiro minha amiga disse para mim e eu não entendi. Depois, eu era mãe e sabia que queria aquilo e como é difícil. Muito difícil. E que ela estava certa em tomar essa decisão para si.

Espero que tenham gostado do nosso primeiro tema a ser debatido. Me digam se conhecem alguém que também não deseja ser mãe e deixe sua opinião, seja qual for irei respeitar. Esse é um espaço para conversar sobre temas controversos e todas as opiniões são aceitas!

E para quem teve curiosidade sobre o livro, Over You está disponível na Amazon!

Beijos da Lice

15 comentários:

  1. 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻 disse tudoooo!
    Eu amei o quadro.
    Esse ano farei 30 anos, sou casada,formada, porém o meu marido e eu estamos desempregados, morando com a minha mãe, mas tem gente que ainda sim acha que devo ter filhos nesse momento, afinal estou ficando velha 😂😂😂 e com o passar da idade vai ficando mais dificil, e essa é apenas uma das coisas que escuto. Se eu terei filhos? Não sei,a ideia é linda, mas ter filhos custa dinheiro, pois não se vive só de amor,além de envolver sentimentos que não sei se tenho maturidade para sentir agora mesmo aos 29 anos. Sem contar que eu sinto que preciso viver mais, realizar sonhos que estão só acumulando , sei que não é impossível realizar certas coisas, mesmo com filhos, mas sinto que terei que adiar ainda mais... Enfim desculpe o desabafo, mas essa é uma questão que tem me afetado muito ultimamente.

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    1. Sim! Idade as vezes é um fator que faz as pessoas decidirem por impulso. Sei que a vida não é fácil, filho demanda não somente dinheiro, mas tempo, um tempo que era seu e será dividido eternamente com aquela pessoa, não vejo minha vida sem minha filha, por mim fico pobre, mas é uma decisão minha, então. Espero que não decida nada sobre pressão da idade. Haha.

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  2. Ficou maravilhoso o post, Alice! Obrigada por compartilhar esse trecho do enredo que tem suma importancia na obra por completo!

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  3. Parabéns pelo quadro, aliás é importantíssimo que você fala sobre assuntos polêmicos aqui no blog, leva a gente a "reler" o livro e "repensar" sobre o que exatamente estávamos lendo, abre ainda mais a mente do leitor. Sobre o tema: eu sou completamente louca pra ser mãe, eu sinto em meus ossos hahahah, mas eu não falo pra ninguém sabe, eu sinto essa coisa tão linda quando tô com uma criança no colo e sonho muito com o momento em que será um bebê meu. É por isso que entendo totalmente quem NÃO quer ser mãe, nós mulheres e nossas vocações e desejos e sonhos, são fortes demais, é por isso que ainda hoje e daqui muitos anos à frente, as pessoas ainda irão temer mulheres fortes e decididas do que querem e são. Os próximos temas pode incluir algo sobre isso <3

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  4. Olá!
    Adorei esse debate, sério, o assunto maternidade é bem complicado, fiquei curiosa agr em ler o livro. Parabéns pela ideia<3

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  5. Gostei muito desse novo quadro, esse tema é realmente muito difícil mais também é uma coisa pessoal da mulher de não querer ter filhos, muitas veze mulher não está preparada pra ser mãe ou não tem condições financeiras, gostei muito desse tema, sobre a sua pergunta não conheço ninguém que não deseja ser mãe bjs.

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  6. Oi
    Eu adorei o texto e o livro parece ser bem interessante. Eu não tenho filhos e acho que o mundo anda muito complicado para ter uma criança. Mas adotar eu penso muito nisso.

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  7. Confesso que é um dos assuntos bastante forte a ser discutido, que vai de cada mulher querer ou não ter filhos, afinal os tempos mudam com os anos e tal.
    Tiro por mim mesma, tenho 26 anos e não pretendo ter filhos pois exige muito da gente, desde o financeiro e o tempo. Me contento em cuidar dos meus priminhos, que esta bom demais rsrs.
    Super amei essa ideia de compartilhar um pouco mais dos assuntos abordados pelos livros, esse em especifico ainda não conhecia.

    https://blogdajenny2014.blogspot.com/

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  8. Olá
    É uma discussão bem complexa, eu estou do lado das que não querem, tenho essa ideia desde os 10 anos de idade, cuidei muito do meu irmão de 1 ano para minha mãe trabalhar. Mas entendo meu marido quer um filho, ele não sou eu, ele já sabia que eu não queria e respeita minha posição, mas sempre tem aquele fio de esperança do bichinho da maternidade me picar, como acontece com várias mulheres.
    É mais a sociedade que acha que mulher tem que ser mãe, existe até essa coisa de endeusar a maternidade, como se for 'padecer no paraíso' não sei, não me vejo como mãe, e lá se foi 25 anos desde que me decidi.

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  9. Oi Alice,

    Que matéria incrível!!!
    Esse é um assunto que precisa muito ser discutido.
    Eu sempre disse exatamente o que a amiga da Paloma disse: "Não quero ter filhos. Quero ser tia de todos, mas não tenho isso de ser mãe em mim." e todo mundo olha pra mim como se eu fosse louca. Aí vem aquelas frases do tipo: "Ah, mas você é mulher, com o tempo você vai ter vontade.", ou "é porque você ainda é muito nova" e eu só reviro os olhos. Ainda bem que nunca me disseram que era porque não encontrei o homem certo, não ia conseguir segurar a gargalhada.
    As pessoas precisam aceitar que, para algumas mulheres, o filho não é uma possibilidade no futuro. Mas parece que é algo muito difícil de acreditar.
    E quando deixa o filho pro pai criar? E vem esse pensamento que o personagem teve de "como uma mãe não quer ficar com o filho?".... aí eu me respondo: "deve ser da mesma forma que acontece com os pais".
    É todo um padrão que vem mudando com o tempo, mas é bom se sentir representada de alguma forma em livros, novelas e filmes.
    Já quero ler esse livro!!!

    Grande beijo,
    Letícia Franca | Além de 50 Tons
    https://almde50tons.wordpress.com/

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  10. Olá!
    Adorei o quadro!
    Concordo com sua opinião e olha pra você ver como a mulher ainda parece ser uma propriedade e não uma pessoa esse assunto ainda traz pauta para outras discussões como ser pensamentos do tipo "ela é mãe devia se comportar como tal" ela é esposa devia se..." ela nunca casou" e por ai vai.
    Carregamos o privilégio de ser mãe e não a obrigação de o ser, é como você disse não é como comprar um produto, não gostar e devolver, fora que ter um filho mexe não só com o corpo feminino mas também com o psicológico.
    Há tantas coisas que nós mulheres precisamos desconstruir e a jornada não é nada fácil.
    Adorei e compartilhando aqui nas minhas redes sociais . Bjs

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  11. Acho que vou na contramão do assunto abordado. Não que eu ache que tida mulher tem que obrigatoriamente ser mãe, mas acho que essa tarefa é uma das mais lindas que a gente pode abraçar..m Entendo que muitas não se acham capazes, mas as coisas acontecem tão naturalmente Que, colocando i nosso egoísmo à parte, ser mãe acaba sendo uma das maiores realizações na vida de qualquer mulher.
    Parabéns pelo post!

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  12. Muito bom!!! Adorei o livro e a forma da resenha. Fiz um post sobre esse tema no meu blog. Como sou mãe de uma menina e outro a caminho muitos acham que vou levantar a bandeira da maternidade, levanto a bandeira da escolha. Não é fácil ser mãe, não nascemos para isso, não tem essa de instinto materno e relógio biológico, tem coisas como amadurecimento de ideias e elas se firmarem ou mudarem. Tenho uma amiga que foi cobrada esses dias pela irmã por não ter filhos, a irmã tem 2 e eu disse para minha amiga. " Ela não gosta de você." Ela riu e entendeu o que eu queria dizer, é toda uma bagagem.

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  13. Oi Alice! Que delícia de coluna nova! Já amei. E começando com um temão desses!
    Olha, confesso que o maior sonho da minha vida consiste em ter o meu filho. Inclusive, começo agora a real tentativa hahah. Então, nunca estive na posição de sentir essa recriminação da sociedade, que sabemos muito bem que tem. Mas, tenho amigas que falam muito disso. Que não sentem vontade de ter filhos e nada tem a ver com lidar bem ou não com crianças. Por sinal, tenho duas tias que seguiram esse rumo. Uma, por ter perdido o bebezinho dela de forma trágica, resolveu nunca mais ter. Minha madrinha disse que eu sempre bastei.
    Acredito que isso é algo extremamente pessoal e que precisa ser mais falado, para que as pessoas entendam que as outras não "funcionam" do jeito que elas acham que é certo.
    Amei o post. Parabéns. Beijos
    https://almde50tons.wordpress.com/

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  14. Querer ou não ter filhos é um assunto muito particular da mulher. Não ter filhos não significa que o casal irá viver em desarmonia infeliz ou é egoísmo por parte do ser feminino. Nossa sociedade é muito taxativa e vive criticando indevidamente as pessoas, mas não tem ideia de como pode ser a vida delas.

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Alice Martins

Oie! Sou a Alice, tenho 27 anos, sou Mestra em Engenharia de Produção, Pós-graduada em Revisão de Texto e Graduanda em Letras. Leio todos os gêneros literários, mas tenho um apego pelo romance (dramático, dark e hot) e pelo suspense. Sou viciada em música, série e açaí. Atualmente, trabalho com revisão literária e tenho um podcast de true crime/suspense com uma amiga. Me acompanhe nas redes e venha compartilhar amor comigo!




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