07/06/2018

[Resenha] O ódio que você semeia - Angie Thomas

Olá amores, tudo bem?

Acho que vocês já perceberam que esta semana está tendo post todos os dias e vai continuar assim até o sábado (sim, teremos overpost, então, continuem acompanhando).
E hoje vou falar do livro que li para um projeto que participo no facebook juntamente com outras leitoras, o #RougeLiterário. Neste projeto, todo mês temos um desafio para cumprir. O do mês de maio era ler um livro com um sentimento no título.

O ódio que você semeia
Autora: Angie Thomas
Páginas: 378
Editora: Galera Record
Onde comprar: Amazon / Saraiva
Nota: 💙💙💙💙💙 / Favoritado
*Livro do acervo pessoal da blogueira
SINOPSE: "Uma história juvenil repleta de choques de realidade. Um livro necessário em tempos tão cruéis e extremos Starr aprendeu com os pais, ainda muito nova, como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial. Não faça movimentos bruscos. Deixe sempre as mãos à mostra. Só fale quando te perguntarem algo. Seja obediente. Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto. Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas (durante o dia, estuda numa escola cara, com colegas brancos e muito ricos - no fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia), Starr precisa descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como seu início. Acima de tudo Starr precisa fazer a coisa certa. Angie Thomas, numa narrativa muito dinâmica, divertida, mas ainda assim, direta e firme, fala de racismo de uma forma nova para jovens leitores. Este é um livro que não se pode ignorar."
Starr vive em dois mundos. A garota mora no Garden Heights, uma parte pobre e negra em sua maioria, mas estuda em um colégio particular no "lado branco" da cidade.
Em sua região, ela sempre viu de perto todo tipo de tragédia: mortes, drogas, violência. Na sua escola, ela precisa a todo momento vestir uma capa de polidez, pois seus amigos e namorado não podem "vê-la" como ela é.

Certa noite, a jovem decide ir a uma festa com sua amiga Kenya, a irmã do seu irmão, em seu bairro, ela acaba tendo uma das piores noites de sua vida.
Kenya é toda espevitada e gosta de puxar briga com as outras pessoas, sempre reclamando que Starr tem vergonha de seus amigos negros e que mal frequenta o bairro.
"Meus pais não me criaram para ter medo da polícia, só para ficar esperta perto dos policiais"
Quando Kenya sai para arrumar confusão, Starr acaba encontrando um velho amigo, que a algum tempo não via, Khalil. Eles conversam sobre como está a vida dos dois, mas quando um tiroteio se inicia no local, eles saem dali.
Khalil vai levar Starr em casa, mas no meio do caminho são abordados por uma viatura de polícia, que os manda parar.

O policial pede a carteira e documentos de Khalil, o jovem entrega tudo, mas não está feliz por ter sido abordado, visto que não estava fazendo nada de errado. O policial que Starr ver no distintivo como Um-Quinze revista Khalil três vezes mais não encontra nada. 
Então, ele vai conferir os documentos do garoto e pede para ele ficar quieto no lado de fora. Quando Khali decide ver como Starr está, ele é baleado, três vezes seguidas, e morre.
"Pessoas como nós em situações assim viram hashtags, mas raramente conseguem justiça"
Starr é a única testemunha de um assassinato sem motivação alguma e o pior, esta não foi a primeira vez.
A jovem não sabe como agir, ela tem medo de retaliação dos policiais, ela sabe o que pode ocorrer se as pessoas souberem que era ela que estava com Khalil. As pessoas já estão chamando Khalil de bandido, traficante, marginal.
O que Starr vai fazer?
Esse, definitivamente, não é um livro fácil para falar a respeito, pois ele mostra uma realidade cruel, que muitas vezes queremos fechar os olhos e fingir que não existe, Porém, ela existe e neste momento muitas pessoas devem está passando por isso.

Starr foi criada por uma família muito amorosa e seu pai lhe ensinou aos treze anos como ela deveria agir se um policial a parasse: "Mantenha as mãos à vista. Não faça movimentos repentinos. Só falem quando falarem com você.”
Seu pai, Maverick é um ex-traficante, que foi muito respeitado na área e que depois de passar três anos na cadeia, quando Starr ainda era uma criancinha, abandonou por completo esta vida. Hoje, ele é dono de um mercadinho no bairro.
"As despedidas doem mais quando a outra pessoa já partiu"
Já a mãe de Starr, Lisa é uma enfermeira que tenta dar o melhor para seus filhos e que deseja sair do bairro, pois conhece os perigos. Ela é a base do seu lar, uma mulher firme, que muitas vezes me lembrou a Rochelle de "Todo mundo odeia o Chris".
Os irmãos de Starr são, Seven, um filho que Maverick teve fora do casamento, ele é mais velho que Starr e é o irmão de Kenya. E o caçula da famíla, Sekani, um pequeno bem travesso e esperto.

O Garden Heights é dominado por gangues rivais, e uma delas é comandada por King, o padrasto de Seven, o pai de Kenya. Inclusive era dessa gangue que Maverick participou quando mais novo.
Então, além da polícia, Starr também precisa se preocupar com ele, pois a polícia pode atrapalhar muitos negócios de serem fechados.
Quando você ler algo tão realista, você se questiona a todo momento do motivo do ódio está tão presente em nossa sociedade e inclusive isto é abordado no livro.
As crianças aprendem a sentirem ódio desde pequenas, as pessoas é que ensinam as crianças a serem racistas, são as pessoas que acabam propagando o mal.

Starr em alguns momentos pode ser considerada "fraca", mas eu a entendo. Ela tinha medo por sua família e as coisas pelas quais ela vai passar não são fáceis. E manter a pose da Starr "dos brancos" é mais difícil ainda, pois a todo momento ela tem que se limitar, pensar no que vai falar e concordar com coisas que não deveria.
"Você importa e sua voz importa"
A família dela é sem sombra de dúvidas um dos pontos altos do filme. Eles são unidos, são reais, eles são como qualquer outra família. Eles se protegem, eles brigam, falam alto e possuem amor. Sua mãe fala alto, grita quando é preciso. Seu pai é tranquilão. Seu irmão mais velho é protetor. E o mais novo só quer brincar.

Alguns outros personagens merecem ser destacados, como o Chris, o namorado branco de Starr. Apesar de estar com ele a um ano, o jovem ainda não conhece o pai dela. Chris foi apenas "apresentado" a sua mãe, a seu tio Carlos e a sua avó. Isto ocorreu porque o tio dela mora na parte branca, sendo vizinho de Chris. Carlos é um detetive.

É quase impossível ler esta obra e não criar vários questionamentos. O primeiro deles é o seguinte: por que associamos a imagem de um negro a um criminoso?
Não, não tentem negar este fator, pois ele é pura verdade. Se encontrarmos alguém negro em um beco escuro, automaticamente vamos nos sentir ameaçados e isto ocorre porque fomos criados assim. Quando crianças, aprendemos a temer os negros e isto é tão errado.
"Logo cedo, eu aprendi que as pessoas cometem erros, e você tem que decidir se os erros são maiores do que seu amor por elas"
Starr verá todo mundo do "lado branco" acusando Khalil de marginal e ela terá medo de se posicionar, de dizer que ele era seu amigo, que ela estava com ele, que ele foi apenas uma vítima.
E por que esse medo? Porque é COMUM negros serem assassinados nestas circunstâncias e não acontecer nada, o criminoso não vai preso e o negro sai como o "bandido" da história. Mas, será que eles são sempre os bandidos?

Starr é uma personagem que merece ser aclamada, pois mesmo diante de todo seu medo em um certo momento ela vai ligar o "foda-se" e vai lutar para mostrar quem é o culpado. Ela vai se recusar a ficar calada, ela vai falar.
O que mais me chocou, é que o final da obra foi totalmente o oposto do que eu esperava e por isso mesmo é perfeito, pois é um final real.
"Quando uma pessoa luta, se expõe, sem se importar quem machuca nem se vai se machucar também"
Este livro deveria ser obrigatório em todas as escolas, pois ele só tem a acrescentar algo para quem os ler. É uma leitura dolorosa, questionadora e sincera.
A Angie foi corajosa ao trazer este livro, pois ela mexe na ferida da sociedade, ela escancara o que as pessoas não querem que os demais vejam. E ela faz tudo isso com precisão e fluidez em suas palavras.

Que tal você parar de semear ódio? Que tal aprender a respeitar o espaço do outro? Que tal respeitar a diferença do coleguinha? 
PARE DE SEMEAR ÓDIO. NÃO DEIXE NINGUÉM SEMEAR ÓDIO. ENSINE AS CRIANÇAS A NÃO SEMEAREM ÓDIO. A diferença começa com você, mesmo que pequena, ela já será significativa!

Beijos da Lice

10 comentários:

  1. Tema MUITO relevante, parabéns pela escolha e obrigado por compartilhar. Manifestação de ódio é sempre complicada, pois levanta a questão do 6 ou 9. Cada um vê da sua perspectiva, e se tomá-la como único referencial correto, só fará aumentar esse sentimento. Realmente, um tema muito importante.

    ResponderExcluir
  2. Fico feliz que atualmente estão sendo publicado livros com temas Tabu em nossa sociedade e posso dizer que o ódio gratuito é um deles. Fiquei interessada nesse livro, justamente pelo enredo, pois como você citou ele nos levar a reflexão, deixando de ser uma leitura passiva para ser ativa, pois aguça o senso crítico.

    sonhoseaventurasdeamor.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  3. Tema muito interessante e atual, importante para que a sociedade pare e pense, faça uma análise critica de algumas atitudes que já estão entranhadas na sociedade eque deveria ser modificada.

    ResponderExcluir
  4. Gostei muito do tema desse livro, muito realista e pertinente com os acontecimentos da sociedade. É preciso que mais livros assim sejam lançados, questionar a injustiça e o preconceito é sempre fundamental.

    ResponderExcluir
  5. Olá! Tema importante para ser discutido. Sempre gera polêmica, mas infelizmente ainda não aprendemos a resolver a questão...
    Foi uma boa escolha!
    Abraços!

    ResponderExcluir
  6. A temática é maravilhosa!
    Poxa, é verdade que, quando comecei a ler sobre Garden Heights, o fato de morar em uma região negra e estudar em um colégio de rico, eu achei que viria uma espécie de "Todo mundo odeia o Cris". Mas me surpreendi!
    Intrigante, interessante e me parece um livro maior do que mera panfletagem! Poxa, essa são as obras de arte que mais admiro: as que trazem sua forma e visão de vida sem ser didático (vulgo bobo) d+.
    Adorei a resenha!

    ResponderExcluir
  7. Oi Alice! Nossa, quero começar dizendo que seu texto meu deixou ARREPIADA! Eu já conhecia a sinopse desse livro, o que me fez querê-lo demais. Mas, ainda não tinha parado para ler nenhuma resenha dele. E nossa, ele é bem mais profundo do que eu já imaginava. Esse tema é um importante debate não só nos EUA - onde sabemos que isso é bem comum mesmo -, mas aqui. Um amigo meu é negro e ele fala que também aprendeu "regras" para uma abordagem. Nossa, meu coração doeu absurdos quando ele falou isso. Eu fiquei ainda mais curiosa para ler e, realmente acredito que as escolas deveriam investir em livros como esse, para ensinar um pouco mais as nossas crianças. Menos bullying, menos ódio, menos uma tonelada de preconceitos.
    Parabéns demais por essa resenha! Beijos
    https://almde50tons.wordpress.com/

    ResponderExcluir
  8. Olá
    Quando li o titulo achei que fosse algo na pegada Auto-Ajuda, gostei bastante da premissa do romance, você falou de Todo Mundo Odeia o Chris, e foi bem isso que eu senti do, livro, a série também trata desses temas, mas como o foco é o humor acaba não tendo aquele impacto dramático. Eu espero realmente que um dia teremos uma sociedade que não veja o outro como inferior.

    ResponderExcluir
  9. Olá!
    Esse livro é um tapa na cara da sociedade, TODOS deveriam ler esse livro, que fala com clareza sobre racismo, sobre o ódio que as pessoas semeiam dentro de seus lares para seus filhos.É um livro que deveria ser discutido em escolas, em clubes de leituras. Estou louca para esse livro chegar as telonas logo, pois o que tem de gente eu via sentir vergonha de ter semeado tal sentimento. ótima resenha!

    beijos!
    https://blogminhaestanteliteraria.blogspot.com

    ResponderExcluir
  10. Estou muito afim de ler esse livro, recomendo você ler kindred támbem, estou lendo ele e é foda demais. Ótima resenha!

    ResponderExcluir

Alice Martins

Oie! Sou a Alice, tenho 27 anos, sou Mestra em Engenharia de Produção, Pós-graduada em Revisão de Texto e Graduanda em Letras. Leio todos os gêneros literários, mas tenho um apego pelo romance (dramático, dark e hot) e pelo suspense. Sou viciada em música, série e açaí. Atualmente, trabalho com revisão literária e tenho um podcast de true crime/suspense com uma amiga. Me acompanhe nas redes e venha compartilhar amor comigo!




Facebook


Seguidores

Tecnologia do Blogger.

Mais lidos

Arquivos

Editoras parceiras