08/04/2017

[Resenha] Todos de pé para Perry Cook

Oi pessoal! Como vão vocês? Já se recuperaram dos treze porquês?

Espero que sim. O livro do qual eu falarei hoje foi recomendado pela Frini Georgakopoulos no clube do livro Saraiva. Já fazia um tempo que eu queria fazer a resenha. 
Bom dia”, digo com minha voz lenta e baixa. “Aqui é Perry no nascer do sol. Hoje é terça feira, dia seis de setembro. A novidade lá fora é que é o primeiro dia de aula no condado de Butler. Isso quer dizer que estarei fora o dia todo. Não morram de saudades de mim”.
Em Todos de Pé para Perry Cook, escrito por Leslie Connor, Perry é um menino de 11 anos que cresceu em uma prisão de segurança mínima, o Instituto Penal Misto Blue River, em Surprise, Nebraska. Devido à gentileza da diretora, Perry passou a infância sob a sua tutela, em um quartinho na sua sala. Em Blue River, Perry frequenta também a escola, enquanto é educado pela mãe, Jéssica, e cuidado com carinho por quase todos os outros “internos”. Todas as manhãs, ele narra o Perry no nascer do sol, com a programação do dia. E apesar do que possa parecer, ele é feliz.
Porém, por uma obra infeliz do destino, um promotor que acaba de chegar na cidade descobre a situação do menino e é o primeiro a fazer de tudo para tirá-lo de lá. Ao mesmo tempo que o afasta de tudo que lhe é familiar, VanLeer passa a sabotar o tempo que Perry e Jessica tem juntos, além de protelar ao máximo a audiência de condicional, com a qual ela vinha contando. Seu argumento é que, se Jéssica teve a “regalia” de cumprir a pena ao lado do filho, ela não cumpriu a sua pena de verdade. Que se danem os desejos do menino.

Por isso, além de atrasar ao máximo a audiência de condicional de Jessica Cook, ele consegue a guarda do garoto. O único problema é que ele estava feliz em Blue River, e se sente um prisioneiro do lado de fora. Quanto mais o chato do Thomas VanLeer tenta convencê-lo de que essa é a vida que ele deve ter longe dos criminosos, Perry sente falta da mãe e dos amigos. E mesmo sem ser malcriado com o promotor, o menino decide montar a defesa da mãe, para que eles possam se reunir o mais breve possível, e recomeçar as suas vidas do lado de fora.

Todos de pé para Perry Cook é contado em primeira pessoa, sob diversos pontos de vista, nos permitindo saber o que acontece na prisão até quando Perry vai embora.

Esse livro é lindo demais. Para começar, o Perry. Que menino fofo! Mil apertões na bochecha daquela criança linda, inteligente, doce e educada. O amor que ele sente pela mãe é capaz de fazer com que ele lute contra tudo e contra todos. 

A sua casa, o Instituto Penal Misto Blue River também dá muito o que pensar. É uma prisão onde os internos trabalham e recebem pagamento, que pode ser convertido em alimentos. Alguns são cozinheiros, outros são consultores penais. Nenhum dos presos matou alguém. Eles estão ali para se recuperarem e se tornarem membros úteis da sociedade, ao saírem. Nem todos são amigáveis. Perry se refere aos que preferem não manter contato, como os “frios”. E respeita a privacidade deles também.

A maior parte dos personagens tem facetas diferentes. Quando Perry começa a entrevistar os detentos, eles relatam os seus delitos, uns mais graves do que outros. Alguns têm vergonha do que fizeram, e preferem não compartilhar. 

Jéssica, sua mãe, é uma mulher gentil, firme, e com caráter. Além de inteligente. No início da história, ela foi promovida a consultora jurídica, e presta serviços aos outros de graça. Mais tarde descobrimos o que ela fez para ir parar em Blue River.

Só um personagem não me convenceu. Acho que a autora tenta fazer com que o leitor acredite que Thomas VanLeer estava agindo mal pensando no bem do Perry, assim como dá um toque de humanidade aos detentos, mas tendo em vista o comportamento dele, eu não comprei a ideia. Chato, controlador, implicante. Fiquei com muita raiva.

O debate interessante que o livro levanta é a questão da humanidade nas cadeias. Jessica e Big Ed, e Thomas VanLeer apresentam dois lados da moeda. De um lado, um instituto correcional que trata os detentos como humanos, os reabilitando e realmente preparando para a vida do lado de fora das grades. Do outro, o promotor burocrata que só se importa que a lei seja cumprida, um homem preconceituoso que supostamente é um bom pai de família, mas mesmo com as evidências na cara dele, se recusa a reconsiderar as suas decisões.

E parece tratar Perry Cook como um caso a ser exibido na TV, em vez de uma criança, um pré-adolescente com sentimentos. Para ele, Perry não tem que querer nada. É como se ele dissesse o tempo todo: “Olha como você está feliz, fora da cadeia. Não é bem melhor estar aqui, do que lá?” Acho que se o personagem tivesse se preocupado a principio em tirar o Perry de Blue River mas depois dado o braço a torcer ao saber dos fatos, teria me revoltado menos. Todos vaiando Thomas VanLeer. (Búuuuuuuuuu!)

Nos faz pensar em quem são os verdadeiros bandidos.

Eu li esse livro em uma noite, no mesmo dia em que comprei. Ele causa todos os tipos de emoções: Fui do riso às lágrimas. A história me pareceu verossímil. Amei o final, exceto por algumas partes. 

A capa é linda. A ilustração é o Perry segurando um coração contando os dias: Para a mãe sair da cadeia, para os dois se reunirem. Os fios de arame farpado representam a prisão, mas qual prisão?

Ficha técnica

Título: Todos de pé para Perry Cook
Gênero: Ficção jovem
Número de páginas: 283
Editora: Harper Collins Brasil. 


Beijos da Lari

36 comentários:

  1. Primeiramente, parabéns, a postagem está maravilhosa.
    Sinceramente, eu tenho dificuldades com a ideia do livro. Eu sou totalmente a favor de um sistema carcerário mil vezes melhor que o Brasileiro e sou a favor da reabilitação, mas no livro isso parece exageradamente idealizado e irreal.

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    1. N chega a ser utopico pq eh uma prisao de seguranca minima. São crimes de colarinho branco, fraude, essas coisas. E nem todo mundo eh bonzinho. Só levanta a questao de q cada um tem a sua historia, sob o olhar das pessoas q moram lá.

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  2. Oi Lari! Queria saber como é que eu ainda não conheci o livro. Já pelo título chama atenção e gostei muito do enredo e do debate sobre as cadeias. Quero conferir.

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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    1. Vale a pena. Eu li por causa do clube do livro da Saraiva, com a Frini Georgakopoulos (autora do "sou fã, e agora?") Dos livros que ela recomendou, esse me pareceu o mais legal. E superou as minhas expect@tivas.

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  3. oi!!
    Essa história me pareceu tão comovente o protagonista tão novo e já tem que enfrentar tanta coisa, praticamente sozinho.
    A resenha ficou otima, o livro é bem interessante.
    bjo

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  4. Nossa que situação, mas fiquei super a fim de ler esse livro deve ter uma abordagem bem diferente de tudo que li, a única coisa que percebi e que é do nosso cotidiano é que existem pessoas que não estão nem aí para o ser humano como esse promotor ... Ai ai ai preciso ler esse livro tenho certeza de que vou amar!
    Bjs (•‿•)

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    1. Eu amei. Recomendo pra todo mundo, todas as idades mesmo! bjqosss

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  5. É uma história muito emocionante, comovente um menino que cresceu numa prisão, fiquei impressionada que um menino já passa a enfrentar tanta coisa, pois viver numa prisão não é nada fácil, e logo mais para uma criança. Fiquei bastante curiosa pelo livro, fiquei com vontade de levar esse menino pra casa, bjs.

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    1. Espera só até ler o livro. ahahaha A parte mais fofa eh o "perry no nascer no sol. fiquei imaginando estar wm uma prisão, e todo dia receber bom dia de uma crianca. Eh fofo demais!!!

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  6. Olá!
    Nunca tinha ouvido falar nesse livro e fiquei encantada com sua resenha e com vontade de lê-lo. Parece ser uma história tão adorável, e acredito que não haja outro livro que explore essa temática. Adorei, muito obrigada pela dica! <3
    Beijos!

    https://labirinticasleituras.blogspot.com.br/

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    1. Que bom que gostou. Escolho a dedo os livros da minha estante. Esse tem lugar de honra na prateleira. ;-)

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  7. Ainda nao me recuperei dos treze porques, mas to tentando hahah
    ai cara... amo tuas resenhas e teu blog, sempre vou dizer isso.
    Acho que vou comprar todos os livros que voce indicar e tirar minhas férias inteiras para le-los hahah
    Bjss

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    1. vcs fazem cada comentario q me deixa emocionada. 😍😍😍😍

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  8. Puxa, Larissa, também adorei seu post! Como auto, não imaginava que um livro infantil pudesse abordar tantos temas complicados, socialmente crus e espinhosos, e mesmo assim não perder a pureza e essência típicos de um livro infantil, dentre eles, a problemática do encarceramento.

    Muito bom mesmo; parabéns!

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    1. Não chega a ser um livro infantil. É um livro jovem, mas tbm n eh juvenil. Só é contado do ponto de vista de uma criança...

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  9. Lari, eu adorei a resenha e a indicação. Ainda não tinha lido nada sobre esse livro e nem sabia de sua existência. Achei o enredo bem original e senti até um pouco de drama em toda essa situação e imagino que nada tenha sido fácil na vida de Perry. Fiquei com muita vontade ler! Adorei a capa também. Parabéns, a resenha está maravilhosa.

    *☆* Atraentemente *☆*

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  10. Antes de mais nada queria te parabenizar pela resenha muito detalhada, bem escrita e envolvente. Nunca tinha ouvido falar do livro mas definitivamente vou procurar saber mais. Achei a história delicada e surpreendente. Que ironia o menino se sentir um prisioneiro em "liberdade" não é mesmo?

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  11. Mas que mimo de resenha gente, sério. Eu parto da ideia de que o sistema nas cadeias, principalmente daqui do Brasil, devem ser duras e sem regalias porque né, nosso país tá com uma taxa de criminalidade tão grande que o medo de sair de casa só aumenta mas só pela tua resenha consegui parar para pensar que ali tem seres humanos ainda. Mesmo que tenham cometidos erros, tem gente disposta a mudar porque estão arrependidos, para uma pessoa meio que sem coração que nem eu, é uma novidade tão chocante que parei "Priscila, deixe disso e ponha-se no lugar dos outros". Imagino como deve estar a mente do garoto, me lembrou muito o filme O Quarto de Jack porque não é a questão de estar solto, liberto no mundo, e sim a questão de onde é o Lar. Como em Supernatural, Dean e Sam vivem rodando o país, sem casa definida mas o carro deles, sim a Baby, era o lar de ambos. É o acontece com o garoto, a detenção era o lar dele. Com amigos, com família, com cheiro de casa. Pode soar estranho para muitos porém para mim pareceu um amor de enredo. Mega quero ler. Adorei a resenha, beijão.

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    1. Lembrando que trata-se de uma prisao de seguranca minima, para crimes de roubo, fraude etc. N tem gente violenta.

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    2. Oi, Pri (oh a intimidade. De dinheiro, n dê intimidade) adorei a sua reflexao cheia de intertextualidade. É bem por ai mesmo. Lar eh onde vc se sente bem. N sei onde vc ta no meu livro kkk mas tbm falo dessa questao de a Julia n se sentir bem, n pq a familia seja pobre, mas pq a trata com indiferenca. Na vida real isso tbm aconteceu comigo. zpor isso esse tema mexe mto comigo.

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  12. Oie
    Não conhecia o livro, mas gostei muito do enredo, é diferente de tudo que eu já li. Fiquei com vontade de ler.

    Beijinhos
    http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/

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  13. Oi tudo bem?
    Não conhecia o livro,gosto bastante de resenha de livros assim fico conhecendo um pouco de cada um como esse bem emocionante,parece ser um livro entanto,um beijo.

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  14. Uma excelente resenha para um excelente livro. Não é o tipo de livro que costumo ler mas realmente fiquei tentada a ler esse livro por conter um debate importante.
    Beijo

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  15. Hey Lari!
    Primeiramente, parabéns por sua resenha, sou apaixonado por seu modo de escrever, me delicio com todas as resenhas que posta no blog.Todavia, vou ser sincero em te dizer que esse estilo de história me deixa um pouco com o pé atrás quanto a leitura por nunca ter lido algo parecido.
    Parabéns Lari. Um grande abraço!

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    1. N chega a ser nenhum modelo diferente. Eu gostei especialmente por fugir dos cliches. Obrigada pelos elogios!!!

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  16. Olá, tudo bem? Que coisa mais linda esse livro, não vejo a hora de poder comprar e eler ele... Adorei sua resenha! <3

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  17. Você fez uma resenha muito boa! Não só me apresentou bem o livro e suas lindas ilustrações, como me deixou intrigada com o conteúdo e seus ensinamentos! Gostei especialmente da parte da humanidade na prisão, coisa que nos falta muito! É uma leitura que pretendo fazer, obrigada pela dica!

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  18. Adoro como você vê. Sempre muito bom ler seu jeitinho de ver. Ver seu jeitinho de ler. Nos alimenta de vontade de ler mais.

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  19. Ooi Lari, tudo bom??
    Menina nunca imaginaria o tema do livro pela capa, depois da sua resenha estou morrendo de vontade de ler SHASUAHA
    Amo livros que tem mais de um ponto de vista <3 E ainda por ter uma criança como personagem principal de ser um amor <33
    E discutir sobre a humanidade dentro das prisões é importantíssimo! Ahazou com a resenha :))
    Beijoos,
    Sétima Onda Literária

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  20. Confeco que fiquei curiosa para ler o livro, vou procura lo.. Adorei a história!

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  21. Estou apaixonada pela capa, pelo enredo, não tinha ouvido falar dessa história e muito menos desse livro, não conheço o autor, mas já estou louca atrás desse livro, para que eu consiga ler. Beijos e boa sorte!

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Alice Martins

Oie! Sou a Alice, tenho 28 anos, sou Mestra em Engenharia de Produção, Pós-graduada em Revisão de Texto e Graduanda em Letras pela UFPE. Leio todos os gêneros literários, mas tenho um apego pelo romance (dramático, dark e hot) e pelo suspense. Sou viciada em música, série e açaí. Atualmente, trabalho com revisão literária e tenho um podcast de true crime/suspense com uma amiga. Me acompanhe nas redes e venha compartilhar amor comigo!




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